Com a presença de 137 pessoas, o Seminário Pernambucano de Educação Corporativa na Administração Pública foi realizado ontem, no auditório do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE). Promovido pela Escola de Contas Públicas, o evento trouxe palestrantes de renome nacional que debateram a importância da educação corporativa no setor público e apresentaram estudos de caso onde a área está assumindo um papel estratégico no alinhamento do negócio da instituição, fortalecendo o capital humano, e consequentemente, a gestão pública.
A abertura contou com a presença do presidente do TCE-PE, conselheiro Valdecir Pascoal, do coordenador-geral da Escola de Contas Públicas, Paulo Hibernon, e da diretora do Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos do Estado de Pernambuco (Cefospe), Analúcia Mota Vianna Cabral.
O presidente Valdecir Pascoal fez uma saudação aos presentes, falando sobre o momento de consolidação da democracia brasileira depois da Constituição Federal de 1988, do fortalecimento das instituições públicas e lembrou que o processo histórico não é retilíneo e também há crises. “O desafio dos gestores de hoje é tirar a política pública do papel. É cobrada eficiência e os Tribunais de Contas estão dando este retorno à sociedade. Precisamos não nos acomodar e a chave para que isso não aconteça é não esquecer o conhecimento. A aprendizagem hoje tem que ter visão holística e estratégica. E nada melhor do que interagir com a academia e com instituições como o Banco do Brasil e o TCU”.
De acordo com Paulo Hibernon, a Escola de Contas Públicas possui mais de 90% de seu público capacitado satisfeito com os cursos. “Por outro lado, a liderança tem um papel fundamental no desenvolvimento do servidor. Ela precisa estimular o servidor no desenvolvimento profissional. O que estamos fazendo para o servidor se capacitar?”, questionou.
De acordo com Analúcia Cabral, no momento em que se discute ética e transparência na área pública nada mais adequado do que debater sobre educação corporativa. Ela ressaltou que apesar da crise, o Governo de Pernambuco capacitou 10 mil servidores este ano, em 103 cursos com 200 turmas e falou da importância da parceria com a Escola de Contas Públicas. “O desafio da Educação Corporativa é formar servidores de forma continuada para realizar um serviço de qualidade ao cidadão”.
Na aula-espetáculo, o músico Silvério Pessoa, mesclou músicas do seu repertório e de outros artistas, destacou uma frase de Paulo Freire, onde ele afirma que o ato educativo não é neutro, e fez um panorama sobre a sociedade de consumo, onde há supremacia do “ter” sobre o “ser”. Trouxe a abordagem do filósofo polonês Zygmunt Bauman, nos seus livros Vida Líquida, Amor Líquido e Tempos Líquidos, que mostram as mudanças da sociedade contemporânea, onde o tempo e o espaço deixam de ser concretos e absolutos para serem líquidos e relativos. Pessoa também abordou sobre identidade, competitividade e sobre o novo mercado que aposta nas competências múltiplas do ser humano, entre outros temas.
A palestrante Marisa Eboli, maior referência em estudos científicos em Sistemas de Educação Corporativa (SEC) no Brasil, apresentou um panorama da área no Brasil e no mundo com o tema “O poder transformador da Educação Corporativa”. Ela trouxe o relatório de Bechmarking das Melhores Empresas para você trabalhar (2014-2015), onde o Tribunal de Contas da União está como o destaque das empresas públicas, além das empresas do setor privado, a exemplo do grupo Boticário, Cervantes, Cielo, entre outras. Ela destacou que a grande maioria destas empresas possuem sistemas de educação corporativa consolidados.
Eboli disse que no Brasil há empresas com excelentes sistemas de educação corporativa. Citou o exemplo do Banco do Brasil, que recentemente ganhou o prêmio de melhor universidade corporativa do mundo, e internacionalmente, mostrou a experiência da General Eletric (GE). “Constatamos que as práticas importantes são as concebidas a partir do mapeamento das competências organizacionais”.
Sobre a Pesquisa Nacional - Prática de Resultados da Educação Corporativa, realizada por ela em 2012 pela FIA-USP, foi constatado que no Brasil há 72% sistemas de educação corporativa com cursos presenciais e 28% com capacitações a distância. “Há muito espaço para crescer. Temos que quebrar essa resistência aos cursos a distância porque num país de dimensões continentais não há condições de capacitar presencialmente”, reforçou Eboli.
Ao apresentar a experiência do Banco do Brasil, Rodrigo Guerra, disse que a UNIBB definiu trilhas de aprendizagem como caminhos flexíveis para o desenvolvimento profissional e pessoal dos funcionários. “As trilhas procuram conciliar necessidades e competências da organização com os anseios pessoais por desenvolvimento e sucesso na carreira”.
Inspirado na Universidade Corporativa do Google e universidade de referência no exterior, a UNIBB possui 30 unidades regionais com 128 salas de aula, 37 laboratórios de informática, 20 auditórios e 2 mil educadores. Além disso, ele informou que há o Portal UNIBB e o UNBB mobile. “Trabalhamos muito o social learning, onde há módulos colaborativos. Temos diferentes mídias, como Vídeos, Infográficos, Animações, Audioaulas, E-books, Jogos educacionais, Tutoriais eletrônicos e Impressos”.
Ao falar sobre o “Desenvolvimento de Soluções para Educação Corporativa”, Andréa Filatro apresentou os conceitos de curadoria e autoria e as novidades de design instrucional, além dos novos conceitos de aprendizagem múlti e transmídia, mobilidade/ubiguidade, inteligência artificial, singularidade tecnológica e aprendizagem adaptativa.
A secretária Executiva de Pessoal e Relações Institucionais do Governo do Estado de Pernambuco, Marília Raquel Simões Lins, trouxe a experiência do poder executivo, onde foram capacitados de janeiro até agostou um total de 9.755 servidores. “Temos um modelo colaborativo de ensino- aprendizagem que permite a troca de saberes, estimula o autodesenvolvimento, integra os órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual e valoriza os servidores”.
Pedro Koshino, do Tribunal de Contas da União (TCU), trouxe as vantagens competitivas do projeto de Educação Corporativa do órgão. “Optamos por um novo modelo de Educação Corporativa porque o Instituto Serzedello Corrêa começou a receber novas competências. Houve também ampliação da cooperação com o sistema de controle externo, aumento da inserção internacional do TCU, além do fortalecimento do controle social”. Ele mostrou as trilhas de desenvolvimento de competências e os projetos estruturantes, montados a partir pesquisa e inovação, gestão do conhecimento, relações internacionais, certificação profissional, plataforma de aprendizagem e credenciamento de pós-graduação.
Conheça o link das fotos do evento neste link aqui.
Gerência de Jornalismo (GEJO), 23/10/2015