A Primeira Câmara do TCE julgou procedente, em parte, uma denúncia instaurada com base em representação de vereadores do município de Afrânio sobre possíveis irregularidades na gestão do Poder Executivo, exercício de 2017, sob responsabilidade de Rafael Antonio Cavalcanti, prefeito, e Maria do Socorro Rodrigues, secretária de Educação. O relator do processo foi o conselheiro Valdecir Pascoal.
De acordo com o voto (n° 1728029-1), a auditoria apontou a subcontratação irregular de todos os serviços de transporte escolar, desrespeitando artigos 5º e 37, da Constituição Federal. As duas firmas contratadas participavam somente como meras pagadoras dos serviços de transporte escolar da rede municipal de ensino (intermediadoras), pois todos os motoristas eram terceirizados e os veículos particulares.
Outro ponto destacado foi o controle deficiente nas contratações de bandas e artistas, uma vez que não constaram nos processos de inexigibilidade (nº 070/2017 e 073/2017), comprovantes da realização dos eventos, como fotos e filmagens, bem como de cópia do jornal, panfleto, banner, cartazes e outros meios correlatos que comprovem os serviços, evidenciando um frágil monitoramento da execução dos contratos. As irregularidades apontadas estavam sob responsabilidade da secretaria Maria do Socorro Rodrigues, o que levou o conselheiro a aplicar uma multa no valor de R$ 4.120,00 à gestora.
Em relação ao prefeito, a denúncia de ter existido distribuição de itens com seu nome em eventos realizados pela prefeitura, apesar de acatada, não levou à aplicação de multa, mas apenas a determinações, baseadas nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, visto que os gastos não foram com recursos públicos e por se tratar à época (2017) do primeiro ano do mandato.
O voto foi aprovado por unanimidade, mas ainda cabem recursos por parte dos interessados.
REGISTRO - Antes do início da sessão desta quinta-feira (14), o conselheiro Ranilson Ramos fez um registro sobre a tragédia ocorrida ontem em Suzano, na Escola Estadual Raul Brasil, que levou a morte de 10 pessoas. Ele destacou a tristeza e indignação que toma conta do Brasil atualmente, em um Estado tolerante com armamentos e que perdeu a cultura de paz. O conselheiro enfatizou que já viveu casos de violência, com arma de fogo, em sua própria família, e se solidarizou com os familiares das vítimas da tragédia.
Associaram-se ao registro a conselheira Teresa Duere e o conselheiro Valdecir Pascoal, além da procuradora do Ministério Público de Contas, Eliana Lapenda Guerra. A conselheira destacou a necessidade de reagir a esse momento de violência e também demostrou preocupação com jogos, acessados por crianças e adolescentes, que propagam a violência. Já o conselheiro Valdeci Pascoal lembrou um artigo recente do jornalista Josias de Souza, onde ele destaca que, "o Brasil tornou-se uma prova de que países também enlouquecem”. Por fim, a procuradora Eliana Lapenda ressaltou que é o momento de “gritarmos contra o que vem ocorrendo”.
Gerência de Jornalismo (GEJO), 14/03/2019